Os dedos perdiam a força e os braços já não suportavam mais o peso do corpo. O vento impiedoso fustigava-lhe o corpo, balançando perigosamente, fazendo-o chacoalhar e se chocar contra as rochas. Desespero e dor aguçavam sua mente, e cada parte de seu ser empregava uma força descomunal na tentativa de se erguer novamente. Já estava pendurado na beira daquele penhasco há horas, e já não tinha mais forças. De repente a mão direita escorregou, e a aresta aguda da rocha rasgou a pele de seus dedos. O vento soprou com mais intensidade, como se tivesse a intenção de dificultar ainda mais sua situação. No rosto um esgar de medo e fúria; no peito uma sensação de desamparo, abandono e injustiça; na mente pensamentos de morte, dor e ódio. Olhou para o céu escuro e praguejou, e como resposta uma coruja surgiu num vôo baixo, piando cheia de escárnio. Ela sobrevoou o condenado, num movimento lento e circular no ar poluído, fez uma meia volta e piou novamente enquanto saía do campo de visão d...