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Mostrando postagens com o rótulo Cotidiano

O olho gordo e o Opala

Victor (VM7) Nunca entendi muito de carros, mas sempre apreciei o Opala. Modelo maravilhoso, sempre presente nos corações daqueles que admiram a boa arte do design automobilístico. É o tipo de carro que arranca suspiro das pessoas, com seu ronco cavernoso, curvas elegantes, demonstrando o melhor que a indústria dos anos 70 tinha a oferecer. Não há como deixar de observar quando ele passa, é impossível ignorar. Por conta desse magnetismo intrínseco do Opala, cometi um pecado que nunca sonhei  cometer. Era noite, fim de inverno, e lá estava eu, caminhando para a faculdade, templo de conhecimento e pensamentos suicidas, quando me deparei com o beberrão mais belo que o Brasil já viu. Estacionado na avenida, bege como café com leite, duas portas, traseira monumental enfeitada por faróis redondos e vermelhos. As luzes dos postes destacavam as curvas com linhas brilhantes, ofuscando os carros ao redor. O esmero do proprietário era evidenciado pela limpeza, a pintura imaculada, ...

Cotidiano 23

Na estação, todos os trens são idênticos. Todos as pessoas são a mesma criatura, inimigos incansáveis ao seu redor, presença constante nos dias felizes e nos dias tristes. E você é só um grão de poeira no vento, apenas uma alma que se perde nos gritos. Sem enxergar a vida ao seu redor, vendo apenas o ar imundo da cidade, o silêncio de dentro é mortal, é nocivo, enquanto os trens urram sem parar, enquanto os outros vomitam palavras. Hoje você é um deles, amanhã você os repudia. E o mundo te molda, argila. O mundo te moldou, fez o que quis com você,  e a vida te transformou, te criou. Veja a mancha à sua volta, a velocidade das pessoas, correndo, um borrão. Você faz parte disso, desse tudo imundo. Agora você destrói tudo dentro de si. Suas veias latejam, pois o ciclo acabou. Só o que resta é uma canção bonita quando você apaga os terrores que viveu. As manchas do passado desaparecem quando você incendeia e se livra do teu mal. E enquanto você destrói es...