Confissões Noturnas - Parte IV

A quarta e finalmente última arte do conto Confissões Noturnas.

Confissões Noturnas - Parte I
Confissões Noturnas - Parte II
Confissões Noturnas - Parte III
Confissões Noturnas - Parte IV

O merceeiro deixava as lágrimas rolarem por seu rosto, tamanho era seu desespero. O terror estava em todo lugar, as vozes gritavam em sua mente, seu coração pulava violentamente. O frio dominava cada pedaço de seu corpo, que agora doía.
Já vira muitas coisas na vida, e já passara por muitas dificuldades. Mas jamais chegara a imaginar uma cena tão terrível. Nada se comparava ao relato do forasteiro.

- Vá embora e me deixe, besta! Ou leve minha vida se quiser, mas acabe logo com esse horror!

Os olhos sangrentos de Thanatos o fitaram.

- Imploras por sua vida, velho?
- Ou pela minha morte! Imploro pelo fim desse tormento!

E de repente, as mãos de Thanatos apertavam o pescoço do velho. E tudo o que nosso pobre merceeiro se lembra é de que as mãos do algoz eram mais gélidas que qualquer inverno do mundo.
Os dentes do maldito se exibiam diante dos olhos apavorados do velho, e neste momento ele desmaiou.

Ou algo parecido. Foi como um pequeno instante de escuridão.
Abriu os olhos.

Thanatos caminhava em direção à porta. Ele sangrava de vários ferimentos nas costas, caminhava com dificuldade.
O ar causava dor ao entrar nos pulmões, tamanho era o fio que fazia.

Na rua, em frente à estalagem, o vento assobiava violentamente, e pela porta escancarada ele viu Thanatos desaparecer. Feito poeira no vento, seu corpo se desfez e vooou para longe, com gritos profundos e violentos.

Vencendo o medo o velho correu até a porta. O assassino havia desaparecido no ar. Um fantasma? Algum tipo de demônio? Não sabia responder.
Thanatos bebera de seu vinho, sangrara em seu chão.
Seu pescoço doía no local onde as mãos do Louco haviam pressionado.
Ele era real.

O merceeiro fechou a porta. Acabara de escapar das mãos da Morte.