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Estória de Amor - Parte I

Primeira parte de um conto levemente açucarado, cuja segunda parte será publicada no dia 5 de Abril, próxima terça-feira.
Este conto terá apenas duas partes, apesar de eu detestar números pares.

Espero que apreciem a leitura, comentem, opinem, critiquem, fiquem à vontade.

Recomendo que desçam até o fim da página e coloquem para rolar a música que lá se encontra, pois ela é a trilha sonora perfeita para esta Estória de Amor.


Planejei contar uma estória de Amor.
Eu sei, muita gente se sente estranho quando o assunto é Amor. Tem gente que já diria "Lá vem uma enxurrada de palavras moles, de água com açúcar, de um blablabla romântico e enjoativo".
É o que eu pensaria.
Mas trata-se de uma estória bonita, e preciso compartilhá-la com todos.

E como contar uma estória de Amor? Por onde começar?
Pelo começo?
É uma boa sugestão.
Mas que tal pelo meio?
É válido, se este meio for bastante bonito.
Então, se me derem licença, começarei pelo meio, e farei do relato mais do que uma simples narrativa. Será também uma profecia, um texto premonitório.

Tudo começou numa tarde de Outono. Quer dizer: o meio da estória começou numa tarde de Outono. Falarei sobre o começo verdadeiro depois.

Bem, eu dizia que tudo começou numa tarde de Outono. Ele estava lá, sentado na varanda, observando o Sol se deitar, tingindo o céu de um vermelho sangrento. A brisa perfumada que vinha do bosque mais adiante era um verdadeiro presente dos deuses, acompanhada daquele cheiro gostoso de folhas, árvores, flores, terra...
Já que estava de férias, ele podia ver o Sol se pôr todos os dias, fumando seu cachimbo e ouvindo uma boa música.

E ela também estava de férias. Todo ano eles se programavam para que suas férias coincidissem, e assim poderiam viajar até sua casa de campo. Sim, eles tinham uma casa no campo!
Na verdade a casa não era deles, mas todos os anos era lá que eles ficavam. O dono da propriedade sempre reservava o lugar para eles.

O bosque fazia parte da propriedade, e foi isso que os encantou à primeira vista. O lago que ficava logo além do bosque, aos pés de uma colina, também contribuiu para a paixão que eles desenvolveram pelo lugar, e passavam horas a fio caminhando em sua orla, acompanhados por seu cachorro bochechudo.
Longe de cidade, de pessoas, de sotaques, de carros, de tudo. Uma maravilha! Uma paisagem de interior, natureza por toda a parte, simpatia, paz e tranquilidade.

O antigo toca-discos fazia parte da mobília da casa, e estava sempre arranhando algum vinil, dos muitos que eles traziam para passar as férias, mais por uma necessidade dele, que era viciado em música, e gostava mais do disco do que do mp3.
E naquele dia ele tocava alguma música calma, dessas que combinam com paisagens como aquela que ele contemplava.

E ela apareceu de repente. Toda linda e brilhante, agasalhada e sorridente. Já estva vestindo uma blusa de lã, pois como certa vez alguém disse em outro conto, ela era muito friorenta, e aquele outono estava especialmente gélido.
Mas o frio não tirava o encanto do lugar.
Ainda mais quando ela estava por perto.

Seu cabelo negro caía sobre a lã clara do agasalho, e seus olhos grandes refletiam o vermelho do céu. Seu sorriso descansado dava à cena um toque ainda mais mágico, e quando ela se espreguiçou, olhando para o Sol, ele sorriu.
Eram os pequenos detalhes que o encatavam, e o corpo dela, sua silhueta esguia se destacando contra a mancha do Sol no horizonte, o fez sorrir.

Imaginem, meus amigos! Se coloquem no lugar do rapaz. Fechem os olhos e se imaginem sentados numa pequena varanda; à frente árvores, e mais adiante, ao longe, uma colina. Ali o Sol se deitava, lançando sua luz derradeira no mundo, tornando rubra a grama macia. Um bosque tão belo, demonstrando sinais de cansaço, com suas folhas amareladas, sendo lentamente vencido pelo Outono, lançando no mundo seus perfumes estonteantes. Uma brisa gelada e calma agita seus cabelos, e traz uma felicidade enfeitada de uma leve nostalgia, mas daquele tipo de nostalgia gostosa de sentir. Sues ouvidos são abençados por uma melodia agradável que vem do toca discos, e que se mistura com o som dos passarinhos que chilreiam enquanto se recolhem.
E de repente a pessoa que você ama toma a cena, com gestos simples, trejeitos naturais, detalhes de sempre, mas de forma encantadora. Arrebatando sua atenção, esse ser amado se vira e sorri para você, e nem percebe o que acabou de fazer.

E você vê que no lugar mais perfeito, na situação mais perfeita, no mundo mais agradável, aquele ser amado sempre terá o poder de te encantar, e de te domar instantaneamente, com apenas gestos e trejeitos, não importa o que exista à sua volta.

Foi assim que ele se sentiu, meus amigos. O Sol que se despedia, o bosque salpicado de vermelho e amarelo, o perfume da Natureza, nada disso se comparava à beleza daquela mulher.
Ela ofuscava tudo, era a dona do momento, que mesmo fugaz, era tão rico que se comparava ao dia mais longo e doce.

Já se conheciam tão bem e estavam juntos há tantos anos, mas ela ainda era capaz de causar nele um encanto sem igual.
Era a sua Rainha, soberana em sua vida.
E este foi um pôr-do-Sol que acontecerá no futuro. Naquele momento ele se recordou do início, o verdadeiro início, naquele domingo distante no passado.

Aquele início foi um tanto estranho, engraçado, mas muito prazeroso e conveniente.
Vou contar como foi.

Continua.

Comentários

  1. Gostei da primeira parte, ainda mais que pude tirar algumas ideias pra futuros projetos. ;)

    Espero pelo início!
    Forte Abraço, Marlon

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  2. Que bom, Fábio!
    É legal quando o que a gente faz acaba dando ideias e inspiração para outras criações!

    Obrigado pelo comentário!

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  3. raro textos contemporâneos com influências românticas!
    parabéns!
    aguardo pelo "começo" da estória..

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  4. Olá Marlon.
    Adorei o texto e também a trilha sonora,parabéns,vai ficar entre os destaques da Teia.
    Post divulgado.
    Até mais meu amigo.

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  5. Olá Emely! Obrigado pelo comentário! Fique pela Caverna para conferir a segunda parte!

    E pessoal da Teia, muito obrigado pela força ae!

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  6. Marlon,
    Eu penso que as tuas histórias são poemas falados. Fico a aguardar a segunda parte!
    Beijos!

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  7. Esqueci-me duma coisa... rs
    Não receies que a história seja melosa. Quando estamos verdadeiramente apaixonados, as imagens que os nossos sentimentos conseguem transmitir ao cérebro, são invariavelmente as mesmas. Só muda a capacidade de as transmitir! :)

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  8. Muito obrigado, Luísa!
    Gostei dessa sua opinião sobre minhas estórias!
    Fico feliz que voce enxergue meus escritos dessa forma.
    =D

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  9. Legal a primeira parte, to ansiosa pra ver a segunda.
    Muito bom msm.
    Boa tarde

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  10. Obrigado mesmo, Kamilla!
    Fico muito feliz que tenha gostado!
    Pode conferir lá que a segunda parte já está no ar.

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  11. Parabéns Marlon, adorei o texto!
    Você escreve com tanta riqueza de detalhes e de sentimentalismo que a história parece algo real. Ficou muito bom, assim como a trilha sonora que combinou bem.

    O que eu não entendi foi o fato de ele preferir ouvir músicas em discos a ouvir em MP3. A história não foi antigamente?

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  12. Olá Felícia!
    Muito obrigado pelo comentário.
    Que bom que você gostou!

    A história acontece atualmente, mas em alguma casa no campo, antiga.

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  13. Dois anos e uma vida juntos...
    E é tão bom construir tanta coisa!

    Em dias como hoje eu me sinto melhor de poder ver essa vontade de ter um futuro sem orgulhos exacerbados e cabeças duras...

    É tão importante que voce mantenha essa esperança, sempre segurando as pontas quando as coisas estremecem...

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  14. Coruja!
    *-*

    Esse conto foi dedicado a ela, e aos nossos dois anos de namoro. Tudo bem, são apenas dois anos, mas já passamos por tanta coisa, que são dois anos bem vividos.

    Esta é a razão de este conto ser tão meloso, afinal foi escrito para a mulher que eu amo!

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