Minhas palavras voam livres no ar gelado, raspando de leve na grama, espantando os
passarinhos nos arbustos. E quanto mais forte o vento, mais intensas elas são, se espalhando
pela atmosfera e cobrindo a terra. Assim eu as vejo, sobre os campos verdes, contra os céus
escuros e carrancudos.
Insatisfeito, questionei os deuses, exigindo voltar para o meu universo onírico. Depois,
questionei a mim mesmo por julgar os deuses. Atos de êxtase que atraem o universo interior,
um rio de sesres diferentes que levam ao vale escondido.
Naveguei por tais águas, e sobrevivi às suas corredeiras. Acordei exausto, sentindo o frio
desumano que dominava meu corpo através de minhas roupas molhadas. O barco flutuava
em um lago expremido entre montanhas e colinas. Remei até a beira, e com dificulde eu
escalei a encosta escorregadia.
Debaixo de um carvalho eu acendi uma fogueira, e ali observei o sol se pôr, aparecendo tímido
entre as muitas nuvens que encobriam o céu. Nos raios finais do dia eu vi minhas palavras
voando para mim, me saudando. Tão alegres quanto eu, elas dançaram ao meu redor, e os
deuses me puniram ao me encher de remorso por tê-los julgado.
Comentários
Postar um comentário