Steve Johnson A fumaça do cigarro saiu pelas narinas de Augusto, dançando no ar frio da tarde. Ele ignorava as pessoas que se apressavam pela praça, assim como elas não percebiam sua presença. O dia sumiu e a noite trouxe o cheiro de quentão, vindo da feira de inverno. Os apressados deram lugar aos passeantes, interessados nas comidas típicas, nas lembrancinhas, no conteúdo das barracas. Porém, na cabeça de Augusto só havia espaço para um único pensamento, algo sombrio que ele tentava ignorar. Caminhou entre a alegria dos outros, pelas ruas largas onde a vida noturna começava a despertar. Jovens como ele seguiam no sentido contrário, em direção à parte velha da cidade, camisetas de bandas e jaquetas de couro; moças se escondiam nas sombras com vestes insinuantes que desafiavam a baixa temperatura e o vento cortante; botecos estavam com portas abertas, seus frequentadores já de bochechas rosadas. Mas Augusto não viu nada disso. Entrou no shopping, foi direto ao banheiro e...