Pular para o conteúdo principal

De olhos fechados




De olhos fechados
encontro o meu eu
bruto e simples
animalesco e sublime
fera que encanta por sua força
sua voracidade, sua inexorabilidade.

De olhos fechados
eu grito como um ser primordial
cheio de raiva essencial
aquela que originou guerras entre nossos ancestrais
a raiva instintiva, incontrolável
que domina, que cega.

De olhos fechados
ouço meus tambores
e minhas feras respondem
e assim como o Lobo
eu descubro que não estou só
acompanhado e guardado por muitos seres.

De olhos fechados
eu posso me curvar
perante minhas feras aladas
que dominam meu céu
o firmamento violento de minha alma
e nada pode detê-los.

De olhos fechados
eu percebo que o fogo do abismo é eterno
assim como minhas vozes uivantes
clamando por terra e sabedoria
por sangue e dor
invocando meus deuses antigos.

De olhos fechados
mal consigo controlar meu dragão
verdadeiro e sincero
animalesco e magnífico
senhor do fogo e da sabedoria
de irresistível beleza.

De olhos fechados
eu vejo a verdade, imortal
que diz que não poderei acalmar minhas vozes
e que minhas dores se estenderão para sempre
por nove mundos antigos
e que estas minhas cavernas nunca verão a luz.

De olhos fechados
eu me percebo
nos ecos de abismo gelado que existe ali
atrás das pálpebras pegajosas
que encerram meu mundo
vazio mas repleto de gritos.

De olhos fechados
entre rochas e grutas
águas escorrerm por paredes antigas
e Sombras dançam ao meu redor
para provocar o verdadeiro eu
que só sabe correr e se esconder.

___________________________
10/04/2012

Comentários