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A Piscina de Betesda

Pieter Aertsen

A porta das ovelhas não mais existe
O tanque onde as águas curavam está vazio
Somente indesejáveis, leprosos e inválidos, persistem

Transeuntes torcem o nariz, ébrios de ódio febril
Para eles apenas a desgraça ali reside
Cegos, riem por não enxergar a Graça e nem o brilho

Pois brilha a voz dos cantores leigos e insistentes
E os versos acalorados de poetas em exílio
Distantes por cantarem verdades prementes

Na fumaça do tabaco os evitados se abraçam em alívio
Por ter em Betesda conforto e irmandade ardente
E joelhos se dobram, do Cordeiro vem o auxílio

Num mundo de carne, de euforia demente
Os inválidos festejam na alegria do Altíssimo
Que os uniu na busca da Verdade, e isso só eles entendem

Cresce a tapeçaria de dourado fio
Reunindo louvores de diversas gentes
Imagens felizes de sorrisos sofridos

É assim que vivem, à beira da piscina, os doentes
Rejeitados e cuspidos pelos orgulhosos filhos
Do mundo sem cor, da vida dopada, da histeria estridente

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