Aqui estou eu, me olhando,
meu coração nas mãos, sangrando.
O navio chacoalha na beira do mar,
meu último refúgio a me esperar.
Abri os braços para o silêncio,
me entreguei ao último incêndio.
Quando o barco arder sobre o mar,
saberei que deverei recomeçar.
O céu é cinza, ameassador,
como o horizonte negro, opressor.
É o expurgo da minha alma velha,
que logo deverá retornar, bela.
A hora chegou, o horizonte se abriu.
Luz dourada no mar, o Sol surgiu.
Meu fogo trará purificação,
minha alma voltará em redenção.
Deitado em meu navio fúnebre
naveguei pelo oceano lúgubre,
ouvindo a elegia terna
canção da morada eterna.
Flecha em chamas cortando o céu,
acende a pira que trará o véu
da morte inexorável sobre mim,
réquiem sublime do necessário fim.
Agora eterna, minha alma espera
que o fogo devore minhas feras,
para em seguida surgir um novo ser,
um novo Eu irá viver.
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Marlon Weasdor, 26/01/2011
Regeneração. Sempre há tempo para o recomeço, mesmo que ele pareça impossível.
ResponderExcluirE a morte pode dar as caras, mas a alma é eterna e pura; ela sabe muito bem lidar com esse "encontro".